Culturalmente a região norte de Minas é bem rica, e isso fica muito claro, quando percebemos o processo de ocupação do território, e a adaptação de vários povos tradicionais ao longo de gerações, aos ambientes e ecossistemas regionais. Neste post apresentaremos um pouquinho de 5 comunidades tradicionais na região do Vale do Peruaçu; vale muito a pena conhecer!

Olaria (Candeal)

Crianças e mulheres no processo de produção cerâmica

Olaria, distrito de Candeal, é uma comunidade tradicional quilombola conhecida na região pela produção de cerâmica. As técnicas de manejo da natureza utilizadas para a produção do artesanato da comunidade foram passadas por gerações.

Em todo o processo, os recursos naturais usados são encontrados no próprio território onde está localizada. Antigamente os vasos eram produzidos e usados ​​para manter a água, por causa dos longos períodos de estiagem na região, que podem ultrapassar mais de 6 meses.

As Mestras Oleiras da comunidade, oferecem oportunidades de vivências através do contato com suas técnicas ancestrais de produção cerâmica, para visitantes, alunos de escolas da região e grupos de pessoas interessadas em ter um contato mais próximo com a sua cultura.

 

Território Indígena Xakriabá

Vanginei, ceramista Xakriabá

Os Xakriabá; um dos grupos indígenas que habitam Minas Gerais, sobrevive ao intenso contato com bandeirantes, pecuaristas e garimpeiras. Atualmente estão vivendo um processo de valorização cultural, buscando identificar e registrar diversos aspectos culturais como forma de proteger seu patrimônio.

Algumas das iniciativas e projetos que acontecem dentro do território são: a Casa de Cultura, Casa de Medicina tradicional, Banco de Sementes Crioulas, rádio comunitária, além do trabalho de resgate cultural realizado pelo Vanginei e sua esposa Ivanir, através da cerâmica indígena Xakriabá.

Atualmente alguns indígenas são credenciados como condutores no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu e desenvolvem essa atividade dentro da Terra Indígena Xakriabá, fazendo do turismo uma importante ferramenta de fortalecimento da sua cultura.

 

Olhos D’água

Seu Zé Turino e Dona Nelinda

Antigamente havia um coronel que era “dono” de uma fazenda, que foi vendida para 5 sobrinhos. Com a divisão das terras entre os sobrinhos, ao longo das gerações, as famílias foram crescendo e algumas comunidades surgiram, Olhos D’água é uma delas.

A localidade foi escolhida por Andalécio, personagem citado em Grande Sertão: Veredas, como refúgio para sua família, antes de ser morto num conflito entre jagunços e policiais.

Algumas iniciativas aqui, merecem destaque. O trabalho com sistema de plantio agroflorestal e de recuperação de nascentes do Seu Zé Turino e Dona Nelinda e o trabalho da Associação Professora Ana Maria com o Cozinha Sertaneja; iniciativa que desenvolve ações de segurança alimentar e nutricional e de economia popular solidária para gerar renda para os associados.

 

Janelão

Vanuza (de camisa branca) e Geovane (canto direito) recebendo um grupo de São Paulo para o almoço

É uma das menores comunidades geraizeiras na região do Vale do Peruaçu, e também surgiu do processo de ocupação, iniciado com a venda das terras do coronel Henrique Gonçalves Lima, assim como em olhos D’água.

Atualmente, localizada dentro dos limites do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, enfrenta as limitações impostas pela legislação, porém a relação com o parque é pacífica e os moradores aguardam pela regularização de suas terras.

Depois da abertura do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu para o turismo em 2014, o casal, Geovane e Vanuza, decidiram empreender no ramo de hospedam e criaram 2 chalés para receber viajantes dispostos a vivenciar diferentes experiências junto à comunidade.

A Vanuza é mestra ceramista e cria diversas esculturas inspiradas em cenas do cotidiano regional, na fauna e flora dos ecossistemas desse cantinho do sertão mineiro.

 

Ilha do Jenipapo

Plantio na Terra Alta da Ilha do Jenipapo

Esta comunidade tradicional vazanteira, onde os moradores têm um modo de vida muito especial, adaptado aos ciclos de cheia e vazante do Rio São Francisco; daí a origem do nome “vazanteiros”.

Na Ilha do Jenipapo e em volta dela, a gente percebe diferentes ambientes, formados a partir da relação entre: a topografia do terreno, suas dimensões e do ciclo das águas, onde os vazanteiros realizam suas atividades.

O primeiro ambiente, é conhecido como Lameiro; são   áreas   marginais   de   boa fertilidade, com solos renovados a cada período de cheia, onde cultivo é consorciado com várias espécies, principalmente, o feijão e o milho.

O segundo é o Baixão, na verdade são vários baixões; áreas do terreno relativamente deprimidas no interior da ilha no período da vazante formam pequenas lagoas onde os   peixes de reproduzem.

O terceiro ambiente é formado pelas Terras Altas, que são as áreas mais elevadas da ilha, elas podem ser inundadas nas grandes cheias, e é o local de construção da casa ou o rancho. As espécies mais cultivadas são frutíferas, além das hortas com diversos tipos de verduras, legumes e ervas medicinais. Neste ambiente também são instaladas as benfeitorias como a casa, oficinas de farinha, chiqueiros, currais, paióis ou galinheiros.

Saiba um pouco mais sobre o Turismo de Base Comunitária na região aqui

Fontes

www.pequidocerrado.com.br

https://revistas.aba-agroecologia.org.br

https://revistaesa.com

https://www.cnbb.org.br

https://pib.socioambiental.org

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