Mais do que ter inspirado o nome da Roteiros do Velho Chico, o Rio São Francisco tem uma importância sem igual para o país. Muito antes da RVC surgir em Itacarambi, às suas margens, o Velho Chico já fazia história. E por isso mesmo é que recebeu essa nossa singela homenagem. Também nascido em Minas Gerais, o rio banha outros quatro estados brasileiros: Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
Assim, ele é importante economicamente para o Brasil, pois favorece a agricultura irrigada. Além disso, foi um dos primeiros rios navegados e ocupados desde o início do processo de colonização, bem como é utilizado na produção de energia em usinas hidrelétricas. E culturalmente, muitas lendas, contos, prosas e poesias tomaram suas águas como inspiração. É sobre isso que vamos falar hoje.
Quais são as lendas do Rio São Francisco que você conhece?
Caboclo D’Água, Nego D’Água, Mãe D’Água
Segundo a lenda, o Nego D’água habita a profundeza do Velho Chico e, com suas gargalhadas assusta os pescadores e lavadeiras. Dizem que ele costuma virar a canoa dos que pescam de forma prejudicial ao meio ambiente. A história do Nego D’água se mistura com a do Caboclo d’água. Inclusive, eles são referidos das duas formas em algumas regiões.
Nas pesquisas, o Caboclo é descrito com aparência monstruosa, uma criatura musculosa, troncuda, com pele cor de bronze, baixa estatura e com somente um olho localizado no meio da testa. Além disso, é ágil e poderoso, que consegue estar em vários lugares ao mesmo tempo e com a capacidade de se manifestar com aparência de algum animal.
O vídeo abaixo ilustra bem essa mitologia. É do documentarista brasileiro Dêniston Diamantino. Natural do município de Manga no Norte, Minas Gerais, ele é apaixonado pelo Rio São Francisco e pela cultura barranqueira.
A Mãe D’Água, por sua vez, diz a lenda, é uma sereia que vive no São Francisco e que à meia-noite, senta-se em pedras ou canoas para pentear os longos cabelos. Tamanha a sua influência na região, ela e o Nego D’Água ganharam uma estátua no Cais da Água Viva, em Itacarambi, às margens do rio.
Carrancas
O aspecto místico e lendário das carrancas diz respeito proteção. Elas serviam de amuletos e livravam os barqueiros, viajantes e moradores de perigos como monstros, tempestades, maus presságios e espíritos. Assim, os navegadores começaram a colocar as carrancas como escudo nas proas de suas embarcações, imagens que remetem a metade gente, metade animal. Populares em todo o Brasil e especialmente na região nordeste, elas são comercializadas como adornos pra decoração da casa, mantendo esse mesmo significado.
Ainda esse ano, a RVC aderiu à campanha “Eu viro carranca para defender o Velho Chico” promovida pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF). O objetivo era dar visibilidade e mostrar a importância do rio São Francisco para milhões de pessoas.
Túnel de fuga
Leidson Nunes, fundador da RVC, compartilha mais uma interessante lenda que tem o Velho Chico como pano de fundo. É tradicional de Matias Cardoso, a 50 km de Itacarambi. E diz que negros e índios escravizados no período do Brasil Colônia fugiam por um túnel, cuja entrada ficava na matriz da igreja de Nossa Senhora da Conceição. Então, os escravos atravessavam o rio por baixo e saiam do outro lado, numa caverna no Morro da Lavagem (atualmente no Parque Estadual da Mata Seca). Ali, eles encontravam a liberdade.
Há quem diga que o próprio rio é vivo e encantado, que num momento da noite, o rio dorme e tudo para. O único jeito de saber é jogando um pedaço de galho ou uma pedra, pra ver se ele se move. Se o objeto permanecer imóvel, o rio está dormindo. E como não enxergar encantamento em cada uma dessas estórias?
Para saber mais sobre essas lendas e, melhor, conhecer o Velho Chico ao vivo, te convidamos a viajar com a RVC! Temos um roteiro de turismo comunitário que, navegando pelo Rio São Francisco, leva até os vazanteiros da Ilha do Jenipapo. E aí é mais uma história pra contar…
Fontes:
CBHSF | As lendas do Velho Chico
G1 | Pedido de retirada das estátuas do São Francisco gera polêmica
Info Escola | Caboclo D’Água
